Com a Selic em alta e projeção de novos aumentos, financiamentos ficam mais caros, consumidores adiam compras e setor busca estratégias para evitar queda nas vendas.
A Selic está em 14,75%, última taxa anunciada em 07 de maio pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, decisão que confirma o que o mercado tinha projetado de 15% ao ano até o final de 2025, o maior patamar em 20 anos. Toda a cadeia produtiva da construção civil é afetada, assim como o comércio de imóveis.
Na construção, os juros elevados foram apontados como o principal problema do setor em 2024, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com apoio da CBIC. No último trimestre do ano, 34,1% dos empresários indicaram a taxa de juros como a maior dificuldade enfrentada.
A alta impacta também o custo dos financiamentos imobiliários, já que as empresas do setor dependem dos bancos para captar recursos e expandir suas atividades. “Estão pagando mais caro por isso, o que acaba sendo disseminado para os preços dos imóveis, tornando-os mais caros”, afirma Jackson Bittencourt, coordenador do Curso de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Segundo o economista, a maior parte dos imóveis adquiridos no Brasil é via financiamento, o que eleva as prestações e aumenta as exigências das instituições financeiras, como entrada maior para reduzir o impacto dos juros altos. “Para a classe média, já com o rendimento mais comprometido devido ao impacto das taxas altas em outros financiamentos, como o de automóveis, por exemplo, a tendência é adiar a compra, esperando os juros caírem”, acrescenta.
Andrews Pereira, especialista em planejamento patrimonial da Valore Elbrus, aponta que com o crédito mais caro, o consumidor tende a pesquisar mais, comparar opções e negociar diretamente. “O brasileiro costuma olhar mais o valor da parcela do que o custo total da dívida. Quando os juros sobem e a parcela aumenta, ele busca alternativas. Por isso, recomendamos que o comprador pesquise preços, avalie diferentes linhas de crédito e consulte vários bancos”, explica.
Para driblar o cenário de baixa nas vendas, Pereira cita algumas estratégias adotadas pelas construtoras que variam de acordo com o público-alvo. Para imóveis de alto padrão, focam em financiamentos próprios para evitar queda nas vendas. Outra alternativa é o consórcio. “Hoje é comum até em famílias de renda mais alta utilizarem essa ferramenta, principalmente quem tem capital para dar o lance”, assinala Pereira.
O economista da PUCPR acrescenta, ainda, que as empresas do setor da construção civil buscam alternativas, como parcelamento das entradas e prazos estendidos, além de ações intensas de marketing para atrair consumidores. “É um esforço enorme, e com custos, para tentar manter um ritmo de vendas”, diz.
Com as vendas abaixo do esperado devido ao cenário econômico instável e à inflação elevada, muitos investidores migram para imóveis de alto padrão compactos, associados a tecnologias de automação e sustentabilidade. “Apesar de ser um produto cuja demanda seja mais resiliente, o cenário exige precaução e análises mais rigorosas para novos investimentos”, aconselha.
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