ESG na construção civil: qual o papel das portas de madeira?

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As práticas ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês) estão presentes nas principais mesas de discussão e têm sido adotadas pelas maiores companhias do mundo nos últimos anos. Atualmente, mais de 20 mil empresas e organizações de 160 países, já aderiram ao Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas) com objetivos de promoção do crescimento sustentável e da cidadania.  

“Podemos afirmar que a adoção das práticas de ESG pelas companhias já são uma realidade mundo afora, especialmente nos países da Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, é uma necessidade que está sendo colocada em prática no “fórceps”. Isto está acontecendo porque o ESG passou a ser uma premissa mundial para investimentos. Os investidores buscam pelos relatórios de ESG como uma forma de segurança e estabilidade da indústria”, esclarece Sami Meira, co-fundadora da Ugreen, consultoria que auxilia empresas a acelerar a transição para as construções sustentáveis. 

Mas essa mudança não é de hoje. Segundo Sami, há aproximadamente 10 anos o tema é tratado na ONU, entre CEOs de grandes companhias. Para eles, as empresas que trabalham com os conceitos demonstraram mais estabilidade e sustentabilidade financeira. “Em 2020, o posicionamento delas ficou ainda mais claro com a declaração do CEO da BlackRock, uma das maiores investidoras do mundo, que afirmou que a sustentabilidade seria uma premissa para investimento e que o ESG seria cobrado para que a empresa tivesse mais segurança. Em 2021, ele declarou que a companhia, além de investir mais em empresas que levam a sustentabilidade como premissa, iria começar a retirar os investimentos das que não estavam se movimentando neste sentido. Neste ano, em sua carta aberta, falou sobre o carbono zero e a apresentação da pegada de carbono das atividades e produtos”, detalha. 

Além do movimento global envolvendo as corporações, como consequência da pandemia, a população passou a olhar com mais atenção para os produtos que consome e a preocupação ambiental deixou de ser tão abstrata. Com isso, algumas empresas compreenderam que o posicionamento delas precisava mudar e começaram a trazer para seus discursos a sustentabilidade, além de adotar práticas que causam menor impacto ao meio ambiente.

ESG – Significado e aplicabilidade 

Mas afinal, o que significa a sigla ESG e como ela é aplicada nas empresas e indústrias? “O ESG é uma forma de reportar as boas práticas que a empresa está tomando. O “E” significa Enviromental (Ambiental) e tem relação com o meio ambiente, ou seja, qual o impacto a empresa está causando, qual o controle e coordenação, quais são as práticas adotadas e o que elas trazem de positivo ao meio ambiente. O “S”, significa Social e envolve toda a questão trabalhista, os incentivos aos colaboradores, o cuidado com o bem-estar deles. Neste quesito é analisada até a cadeia de fornecedores e como ocorre a relação trabalhista deles. Já o “G” significa Governance (governança) e tem relação com a parte financeira da empresa. Ou seja, como ela ocorre, com qual nível de transparência é apresentada. Dentro de cada uma das categorias, existe uma sequência de informações e como elas devem ser apresentadas. Todas estas informações são inseridas em um relatório que fica à disposição do mercado”, elucida a co-fundadora da Ugreen. 

Na construção civil, as práticas do ESG têm ganhado atenção porque o setor é um dos mais poluentes do mundo, não apenas pelos impactos que gera, mas por ser um dos setores mais lentos no avanço de estratégias em prol do meio ambiente. “A implementação do ESG é muito interessante para este setor, assim como a análise do ciclo de vida dos produtos empregados para que possamos avançar com mais velocidade. Um fator dificultador é que muitas construtoras ainda não têm o capital aberto, então elas estão começando a “engatinhar” em relação às práticas sustentáveis devido às exigências das instituições financeiras quando elas buscam por financiamento para as obras”, analisa Sami Meira.

A coordenadora comercial mercado interno da Madepar, Françoise Miotto, divide a mesma percepção. “Atualmente, os órgãos financiadores dos imóveis têm exigido relatórios de sustentabilidade e certificações dos produtos de todos os itens utilizados nas obras, portanto não se trata mais de uma tendência, se trata de uma exigência que já é realidade e que tem demandado o enquadramentos dos construtores”. Segundo ela, o custo é a maior dificuldade enfrentada pelas construtoras para a ampliação das ações. “Práticas sustentáveis, certificações de produtos oneram despesas e, por este motivo, dentro da segmentação de mercado que estamos inseridos, o custo é um dos aspectos que os construtores mais levam em consideração na tomada de decisão no momento da compra”.

A adoção das práticas ESG pelas construtoras promove melhorias para elas e incentiva clientes e fornecedores a seguirem o mesmo caminho. Segundo a gerente de tecnologia e meio ambiente da Eucatex, Naiara Arantes de Carvalho, a empresa tem percebido essa mudança. “Temos recebido questionamentos por parte dos clientes e recebido visitas para avaliação in loco de nossas práticas”, conta.

Portas de Madeira

Quando o fator ambiental é levado em consideração na seleção dos materiais que serão empregados nas obras, o ciclo de vida e a pegada de carbono dos produtos são parâmetros essenciais para a compreensão do impacto ambiental que eles geraram em sua produção, decorrente do uso e do futuro descarte.

Entre os materiais presentes nas obras, os produtos em madeira, como portas, pisos, madeira serrada, molduras e compensados ganham destaque por serem naturais, renováveis e de origem orgânica. “Toda madeira que entra em nossa empresa tem sua procedência documentada legalmente, desta forma podemos classificá-la como um material sustentável e afirmar que as portas de madeira são sim peças fundamentais no processo ESG na construção civil”, justifica a coordenadora comercial mercado interno da Madepar.

Naiara de Carvalho corrobora com esta análise. “Nossas portas de madeira são provenientes de plantações florestais renováveis, produzidas com responsabilidade socioambiental e critérios de governança alinhados aos critérios ESG, dessa forma, a utilização de materiais com origem sustentável, como é o caso das portas, são o alicerce para uma construção civil pautada pelas boas práticas construtivas visando o benefício à sociedade”.

Para o diretor-presidente da Manoel Marchetti, Fábio Ayres Marchetti, o ESG poderá ser um divisor de águas para o setor madeireiro de base florestal e a construção civil. “Dentro dos nossos conceitos e compromissos, conservando a sua essência transformadora e esquecendo casuísmos políticos e midiáticos, o ESG poderá ser um marco temporal para a sustentabilidade dos produtos de base florestal no setor da construção civil, valorizando empresas que seguem o tripé do ESG e em consequência valorizando e consumindo os seus produtos”, analisa.

Oportunidades para o wood frame
Na última década, o setor da construção civil tem buscado por inovações em sistemas construtivos que proporcionem produtividade, redução de custos e que contribuam com o déficit habitacional brasileiro, que atualmente, de acordo com a CHIS/CBIC (Comissão de Habitação de Interesse Social da Câmara Brasileira da Indústria da Construção), gira em torno de sete milhões de moradias. Com isto, os sistemas construtivos industrializados têm ganhado espaço, em especial, o wood frame que tem como pontos fortes, a inovação, velocidade produtiva e a sustentabilidade, afinal as peças utilizadas em sua estrutura são prioritariamente provenientes de florestas plantadas.  
A fim de desenvolver, difundir e consolidar o sistema construtivo no país, entidades, agentes financiadores, cadeia produtiva e institutos de pesquisa têm unido esforços para desenvolver a norma técnica do produto, a ABNT NBR 16936 – Edificações em light wood frame. O texto da norma traz os requisitos de desempenho, assegurando a vida útil do sistema e contribui para a promoção e disseminação deste sistema construtivo no país.    

O diferencial do setor de base florestal

Diferentemente de outras cadeias de fornecedores, o setor madeireiro e base florestal têm utilizado, há décadas, técnicas de manejo florestal e o plantio de florestas renováveis. A grande maioria delas, utilizadas para fins comerciais possuem certificações que atestam que elas são produzidas seguindo os princípios da sustentabilidade. Além disto, estas florestas estocam carbono durante o crescimento das árvores e os produtos fabricados permanecem com ele armazenado durante toda a vida. 

“As portas que chegam até o cliente final aliam as vantagens de uma matéria-prima renovável a processos produtivos que buscam causar baixo impacto ambiental e que seguem as normas técnicas. Além disto, mesmo depois de seu uso, pode ser reaproveitada ou descartada sem comprometer o meio ambiente. Por isto, consideramos que as portas de madeira já estão inseridas nos critérios ESG”, avalia Paulo Pupo, superintendente da Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), entidade que coordena o PSQ-PME.

Fonte: Conteúdo publicado na quinta edição da Revista Portas de Madeira

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