Para a competitividade, não existem fronteiras. No médio e longo prazo, a incorporação das novas tecnologias em prol do desenvolvimento industrial é essencial para a competitividade do país e na otimização de sua participação nas cadeias globais de valor. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), “em alguns países, a Indústria 4.0 já deu seus primeiros passos, inclusive com o apoio dos governos das principais potências econômicas, que colocam a novidade no centro de suas estratégias de política industrial. Isso cria um desafio ainda maior para o Brasil, pois, além de buscar a incorporação e o desenvolvimento dessas tecnologias, deverá ter agilidade, para evitar que o gap de competitividade entre o Brasil e alguns de seus principais competidores aumente”.
O fato é que, exatamente como vem ocorrendo em outros países, a difusão das tecnologias da Indústria 4.0 no Brasil não atingirá todos os setores da mesma forma e ao mesmo tempo. “O nível de heterogeneidade da nossa indústria exigirá que as políticas sejam adaptadas para diferentes conjuntos de setores e de empresas, que assumirão velocidades e condições diferenciadas”, reforça a entidade. É de conhecimento comum que as três primeiras revoluções industriais trouxeram a produção em massa, as linhas de montagem, a eletricidade e a tecnologia da informação, elevando a renda dos trabalhadores e fazendo da competição tecnológica o cerne do desenvolvimento econômico até então. Entretanto, estima-se que a quarta revolução industrial terá um impacto mais profundo e exponencial, caracterizando-se por um conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico, com máquinas, ambientes, processos e ativos estarão interligados. Os equipamentos autônomos serão capazes de realizar a própria manutenção ou, até mesmo, direcionar um operador; e os dados produtivos serão coletados em tempo real e sem interrupções. Entretanto, essa ainda não é uma realidade brasileira.
Para explicar mais sobre esse processo evolutivo no setor de fabricação de portas de madeira, contamos com a expertise de Edson Prebitz, diretor da Mafercon e gestor comercial da Homag no Brasil. Segundo Edson, “existem concentrações regionais de indústrias de portas no Brasil, com destaque para o estado do Paraná, na região sudoeste, em cidades como União da Vitória, Bituruna, Cruz Machado, General Carneiro e Palmas, e em Santa Catarina, na região Norte e Centro-Oeste, em municípios como Porto União, Caçador, Pinhalzinho, Ipumirim, Lages, Pouso Redondo, Salete e Ibirama.
Existem várias outras importantes indústrias fora do cone Sul do Brasil. Entretanto, o que todas têm em comum, além da fabricação de portas com matérias-primas oriundas da madeira, é a característica de utilizarem plantas parciais continuadamente em suas unidades fabris, o que traz inúmeras limitações produtivas”. Com atuação profissional de longa data no segmento, Edson explica que “a Alemanha é um polo de referência mundial de novas tecnologias de produção, que observa e respeita as características individuais de cada fabricante, trazendo soluções para projetos completos e parciais, considerando os mais variados perfis produtivos, as matérias-primas disponíveis, engenharia do produto e necessidades de cada fabricante”.
Devido à natural redução da oferta de mão de obra especializada e voltada para a indústria em geral, houve a necessidade de se pensar soluções produtivas, em que a mão de obra não seja impactante como já foi anteriormente. “A Industria 4.0, que já há alguns anos teve seu início na Europa, começa a se tornar realidade para o mercado brasileiro, com a automação e comunicação entre os processos produtivos sendo ajustados ao seu máximo para garantir competitividade. Nisto está incluso ter a liberdade criativa de produtos, novas formas de produzir, inclusive com tecnologia touch, que é simples, ergonômica e garante a redução de possíveis falhas, capaz, ainda, de desenvolver a comunicação direta entre a indústria e os consumidores” explica o gestor.
STATUS NACIONAL
Mundialmente, as portas costumavam ser um produto produzido com pouca variação no design. Como tal, muitas plantas de produção existentes são projetadas para produção padronizada. Edson explica que, fabricar portas é uma atividade bastante peculiar: “uma vez que podemos examinar portas de diferentes fabricantes, onde elas serão similares na forma e estética, porém completamente diferentes na sua tecnologia produtiva, percebe-se que os processos produtivos exigem soluções muitas vezes desenvolvidas pelas próprias indústrias para atingir seus objetivos. Tendo isso em consideração, a Indústria 4.0 e programas como o PSQ-PME, vem para garantir que a forma produtiva possa ser completa, automatizada, com os processos interligados, o que inclui os carregamentos e descarregamentos automáticos, suas estatísticas atualizadas periodicamente, e tudo que estiver ligado a isso pode ser alcançado, sendo produção em série ou mesmo lotes únicos; atingindo sem dúvida padrões de qualidade altíssimos com melhor custo-benefício”, explica.
Edson mantém um relatório bastante atualizado do parque fabril da indústria de portas de madeira, fazendo um comparativo tecnológico evolutivo ao longo dos anos. “Pontualmente, algumas indústrias de portas brasileiras trabalham com maquinários importados da Alemanha, com linhas de usinagem CNC, perfiladeiras com controles e regulagens eletrônicos, máquinas unilaterais e duplas para colagem de bordos, seccionadoras de chapas, lixadeiras de alto acabamento, alimentadores e descarregadores de alta produção, contudo ainda são poucas empresas que se atualizaram tecnologicamente de fato, quando comparados com países como Alemanha, França, China, Polônia, entre outras que também fabricam portas de alta qualidade”, reforça Edson.
A MARATONA DA TECNOLOGIA
Parte importante da virada tecnológica das indústrias de portas no Brasil virá com a compreensão de que só haverá horizonte para aquelas que se mantiverem atualizadas em suas frentes produtivas. Atualmente, existem muitas variáveis de insumos e matérias-primas na fabricação de portas, como as chapas de OSB, MDF, HDF, compensado, madeira maciça e madeira com emenda finger joint, além daquelas com recobrimento de superfícies, como pintadas, com lâminas de madeira, papel, PVC e Pet. O mesmo serve para estruturas e alizares, que influenciam diretamente no tipo de equipamentos e soluções, que serão utilizadas.
Na revolução 4.0, as vantagens da atualização do parque fabril estão na possibilidade possível em gerir uma fábrica inteira, inclusive de grande porte com apenas um único operador, por exemplo, uma vez que as informações geradas podem vir diretamente do consumidor no ato da compra na loja física ou e-commerce, em grandes lotes, pequenas quantidades e até mesmo unidades. Isso significa que, as indústrias poderão responder com flexibilidade ao seu mercado no futuro, utilizando diferentes conceitos de máquinas e interligá-las, adaptando a capacidade de desempenho do sistema para atender as necessidades produtivas, considerando suas demandas individuais, otimizando o tempo de produção, volume de mão de obra, consumo de energia, entre outros.
Vale complementar que a tecnologia flexível de acionamento e ajuste, combinada com a moderna tecnologia de controle, oferece a opção de produzir produtos em mudança para o mix de clientes. São conceitos de instalação modular que abrangem uma variedade de classes de desempenho, desde máquinas de nível básico, com manuseio manual de peças, até instalações totalmente em rede para um processo de produção com o mínimo de pessoal.
Matéria originalmente publicada na Revista Portas de Madeira – edição IV 2021
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