Portas de madeira precisam ter qualidade comprovada por ensaios

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Antes de especificar e comprar este produto tão essencial em uma edificação, procure saber se ele foi fabricado de acordo com normas técnicas do setor e submetido aos devidos ensaios

Presentes em todo tipo de edificação, as portas de madeira têm sua qualidade comprovada quando submetidas a rigorosos ensaios. O alcance do nível de satisfação exigido pelo mercado passa ainda pela conformidade com as normas técnicas, como a ABNT NBR 15930 — Portas de madeira para edificações e a ABNT NBR 15575 — Desempenho de edificações habitacionais.

“O produto deve atender a, pelo menos, um dos cinco perfis de desempenho, conforme o local onde será utilizado. Os critérios levam em conta o esforço e as situações aos quais a porta será submetida”, explica a engenheira Dayane Potulski, chefe de Secretaria do Comitê Brasileiro de Madeira na ABNT (ABNT/CB-31) e gestora técnica do Programa Setorial de Qualidade de Portas de Madeira para Edificações (PSQ-PME).

As portas de madeira estão sujeitas aos esforços mecânicos gerais, forças comuns aplicadas nas estruturas; aos esforços específicos; à ação higroscópica, devido às variações climáticas; e, quando instaladas em áreas molhadas, à resistência à umidade. “Para atender a essas condições são estabelecidos requisitos de avaliação dos produtos, além de critérios que os categorizam para determinada ocupação e situação de uso”, fala a especialista.

O procedimento de classificação é composto por cerca de dez ensaios. Desse total, seis são mecânicos (torção estática, impacto de corpo mole, carregamento vertical, resistência ao fechamento com presença de obstrução, impacto de corpo duro e resistência ao fechamento brusco). Há ainda outros dois relacionados à análise de variação dimensional, como a verificação do aspecto visual e dos desvios de forma e planicidade.

Portas instaladas em locais com elevadas mudanças climáticas precisam ter mais dois requisitos avaliados, que mostram como será seu comportamento quando expostas à ação da água, do calor e da umidade. Há ainda os ensaios que envolvem o fogo, indicados para materiais empregados em situações em que há risco direto de incêndios.

“Com a atualização da norma de portas — procedimento em andamento — está sendo introduzida a avaliação dos esforços de ações de tráfego, que considera o uso do produto ao longo do tempo. Essa condição compreende os requisitos de ciclos de abertura, fechamento e esforços de manuseio, visando saber qual o comportamento do sistema durante toda sua vida útil”, destaca Potulski.

PROGRAMA SETORIAL DA QUALIDADE

Buscando a constante evolução do setor, a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) mantém o PSQ-PME. Antes de integrarem a iniciativa, os fabricantes passam pela pré-certificação para que se adaptem às exigências e aos conceitos do programa. “O procedimento inclui visita da equipe técnica da Abimci para orientação sobre o atendimento à norma e ao sistema de gestão da qualidade”, conta a engenheira.

A adesão só é confirmada depois de a empresa ensaiar previamente os seus produtos. “A ação é importante, pois possibilita diagnosticar as condições técnicas das portas de madeira. Com base nos resultados, é possível direcionar da melhor maneira as ações para otimização do processo de fabricação. Após conseguir atender às condições do programa, a certificação é obtida”, detalha a especialista.

Segundo Potulski, o PSQ-PME está consolidado no mercado. “Até abril de 2018, são 18 indústrias no programa, que representam percentual importante da produção brasileira de portas”, afirma. O número deve crescer, afinal, as construtoras estão buscando produtos certificados para suas obras. “A especificação por desempenho já é realidade, tendência que aumentará nos próximos anos devido ao maior rigor das normas”, complementa.

NORMAS TÉCNICAS

Além das ABNT NBR 15930 e ABNT NBR 15575, outra norma técnica importante para o setor é a ABNT NBR 15930 — Portas de madeira para edificações. Os fabricantes devem ainda ter conhecimento sobre os documentos específicos para as ferragens, como a ABNT NBR 7178 — Dobradiças de abas — Especificação e desempenho — e a ABNT NBR 14913 — Fechadura de embutir — Requisitos, classificação e métodos de ensaio.

ESPECIFICAÇÃO

Norteado pela ABNT NBR 15930, o PSQ-PME desenvolveu um guia para orientar o profissional responsável pela especificação das portas de madeira. O primeiro passo é definir o nível de desempenho do projeto ao longo da sua vida útil. “De acordo com a norma de desempenho ABNT 15575, os sistemas que compõem o edifício devem, obrigatoriamente, atender a um dos seguintes níveis: mínimo, intermediário ou superior”, fala a engenheira.

Na sequência, é verificado se a porta estará em ambiente privado, coletivo ou público. Isso porque o nível de exigência varia conforme o tipo de edificação. O principal fator a ser estudado é a quantidade de ciclos de abertura e fechamento. Também é importante analisar o uso, ou seja, se o padrão dimensional atende às exigências dos variados cenários: residencial, corporativo, hotelaria, hospitalar, educacional e institucional.

O local de instalação é outro dado indispensável na elaboração do projeto, pois há diferenças entre as portas indicadas para ambientes internos e externos. “Com todas essas informações, é possível escolher entre um dos cinco perfis de desempenho definidos pela norma”, comenta a profissional.

As classificações apresentadas pela ABNT NBR 15930 são:
• PIM – Porta interna de madeira
• PIM RU – Porta interna de madeira resistente à umidade
• PEM – Porta de entrada de madeira
• PEM RU – Porta de entrada de madeira resistente à umidade
• PXM – Porta externa de madeira

Depois de escolhida a tipologia, o projetista determina o padrão dimensional. As medidas são uniformizadas pela massa das folhas, que podem ser leves, médias, pesadas ou superpesadas. Por fim, há casos especiais com a necessidade de proteção contra o fogo ou isolação acústica. “As resistentes a incêndios são classificadas como PRF30, PRF60 e PRF90, níveis correspondentes ao tempo que suportam as chamas, em minutos”, exemplifica Potulski.

A especificação das portas de madeira também leva em consideração o padrão estético que melhor combina com o projeto arquitetônico. Tão importante quanto a escolha do produto é a determinação das ferragens que irão compor o conjunto. Os acessórios, como dobradiças e fechaduras, precisam atender às classificações de segurança, trafego e resistência à corrosão.

INSTALAÇÃO

Todo o trabalho de especificação se perde quando a porta de madeira é instalada de maneira equivocada. Para garantir o correto funcionamento pós-ocupação da edificação, os cuidados começam no recebimento do produto no canteiro. O transporte e armazenamento adequados são fundamentais para que o sistema mantenha suas características conforme projeto e fabricação.

A colocação das portas acontece somente após a conclusão de determinados serviços, como vedações e aplicação de revestimentos. “Com as vedações realizadas, por exemplo, não haverá risco de ventos retirarem a espuma expansiva antes de sua secagem”, comenta a especialista. É recomendado, antes de transportar o produto até o local onde ficará, conferir se o tamanho do vão está correto.

Depois de instalada, os movimentos de abertura e fechamento devem ser evitados durante um dia. O tráfego nas primeiras 24 horas pode causar avarias ou defeitos na fixação. “Outro cuidado é na aplicação de vernizes ou outras soluções. Os produtos devem ser adquiridos com cautela, pois há aqueles específicos para uso interno ou externo”, finaliza Potulski.

COLABORAÇÃO TÉCNICA

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Dayane Potulski – Engenheira Industrial Madeireira. Integra há quase sete anos a equipe técnica da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci). É chefe de Secretaria do Comitê Brasileiro de Madeira na ABNT (ABNT/CB-31) e gestora Técnica do Programa Setorial de Qualidade de Portas de Madeira para Edificações (PSQ-PME).

fonte: Redação AECweb / e-Construmarket

foto: Crédito: Shutterstock / alexandre zveiger

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